Fragmentados - Neal Shusterman

Livro: Fragmentados
Autor: Neal Shusterman
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
ISBN 978-85-8163-519-4

"Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria. Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe."

*Livro cedido em parceria com a Editora Novo Conceito.

Oie, tudo bom?

Eu sou a louca das distopias e esse livro da Novo Conceito já estava me intrigando antes mesmo da leitura. Um universo onde as pessoas são fragmentadas? Como não ficar curiosa?

Fragmentados se passa em uma sociedade pós-guerra civil em que as pessoas pró-vida e pró-escolha não entraram em um acordo sobre a questão do aborto. Para dar fim na guerra, foi criada a Lei da Vida, que instituiu que até os treze anos, a vida humana não poderia ser tocada, mas entre os treze e dezoito anos, os pais poderiam abortar seus filhos de forma retroativa em um processo chamado Fragmentação.

Eu já deveria ter postado essa resenha, mas gostei tanto desse livro que foi difícil começar a resenha. Temos três protagonistas que serão enviados para a fragmentação: Risa, uma moradora de uma casa estadual para menores, Connor, um rapaz com problemas para lidar com a raiva, e o Lev, um dízimo ofertado pelas famílias religiosas para fragmentação como uma forma de agradecimento à Deus. Connor descobre que seus pais assinaram os papéis e resolve fugir, mas no meio do caminho ele precisa tomar atitudes drásticas para fugir da polícia e isso faz com que ele cruze o caminho da Risa e Lev.

Connor é o personagem principal da história e justamente por isso a trama gira em torno dele. Ele tem um gênio forte e talvez isso tenha contribuído para a decisão dos pais. Risa é uma boa garota e sempre ajudou em tudo na Casa Estadual em que vivia até o dia em que a chamaram na sala da direção para comunicar que ela seria enviada para a fragmentação. Lev tem um coração bom e aceitou seu destino como dízimo, que para ele é um presente e não uma sentença. 

Risa foi minha personagem favorita pela sua positividade, mesmo quando seu mundo estava desmoronando.  Ela também foi uma grande companheira, bondosa e determinada.

"Fragmentários não sumiam com um estrondo - não sumiam nem mesmo com um lamento. Sumiam com o mesmo silêncio da chama de uma vela sendo suprimida entre dois dedos." (pág. 94)

Os três se tornam fragmentários fugindo do destino terrível que a sua sociedade instituiu e vão passando por diversas situações que os deixam no limite. Eles são jovens lutando pela própria sobrevivência em um mundo onde eles não serão mortos e sim fragmentados.

Eu gostei bastante dessa história porque ela soube me conquistar sendo uma distopia como os outros livros, mas com elementos novos e criativos. Já imaginou se acontecesse isso com todos os adolescentes com mal comportamento? Até que ponto uma sociedade é capaz de se desfazer dos seus próprios filhos? 

Eu fiquei pensando no destino da nossa alma, que vai além do nosso corpo e como a fragmentação afeta isso. Eles vendem a ideia de que a pessoa continua viva, mas nos outros corpos. Inclusive, quem recebe o órgão, acaba recebendo algumas lembranças e sensações. Isso melhorou o processo de doação de órgãos, cirurgias e paralisias. Porém, mesmo com os avanços médicos, a fragmentação não é um processo aceito por todos e existem grupos que ajudam os fragmentários a desaparecer até os 18 anos, idade em eles podem viver normalmente.

Olha, esse livro tem intensidade, emoção, dinamismo e reviravoltas na medida certa. Os três personagens principais são instigantes e diferentes entre si, garantindo uma narrativa mais rica e diversificada.

"Causas são notícia velha. Acreditamos no acaso. Terremotos! Tornados! Acreditamos nas forças da natureza, e nós somos forças da natureza. Somos devastação. Somos caos. Nós afetamos o mundo." (pág. 214)

A escrita do Neal Shusterman é despretensiosa, rápida e leve. Ele optou por colocar cada personagem para narrar um capítulo e foi uma decisão acertada, pois isso tornou a narrativa dinâmica. Os capítulos curtos também deixaram a trama mais instigante e interessante, assim como a resolução rápida dos conflitos entre os personagens. Nada de ficar vários capítulos remoendo um assunto, os problemas apareciam e iam sendo resolvidos logo.

O final foi fechado, mas o livro faz parte de uma série com 4 livros e estou ansiosa pelo lançamento desses livros por aqui.

Fragmentados foi uma grata surpresa nesse final de ano porque superou todas as minhas expectativas. Uma história distópica que consegue nos fazer refletir sobre assuntos da nossa atualidade.

Beijos!