As Lembranças de Alice - Liane Moriarty

Livro:  As Lembranças de Alice
Autor (a): Liane Moriarty
Editora: Leya
Ano: 2013
ISBN 978-85-80448191

"Alice tem 29 anos, é apaixonada pelo marido, Nick, e está grávida de 14 semanas do seu primeiro filho. Ao menos é isso tudo o que ela se lembra. Imagine sua surpresa ao ser informada – quando acorda após um incidente em que bateu a cabeça – de que é mãe de três crianças, está com relações cortadas com a sua irmã e passa por um divórcio conturbado, às vésperas de completar 40 anos! A queda apagou a memória da última década de Alice. Agora ela terá que construir seu futuro apagando os erros de um passado que sequer lembra de ter existido. Poderá uma amnésia se tornar o melhor acontecimento em sua vida, nos últimos dez anos?"

*Livro cedido em parceria com a Editora Leya.

Oie, tudo bom?

"Perder a memória pode ter sido a melhor coisa que aconteceu a ela..."

Já estou com vontade de reler o livro enquanto escrevo essa resenha. As Lembranças de Alice é um daqueles livros que marcam sua vida com uma história simples, sem firulas, mas com um enredo tocante e emocionante. Possui uma premissa parecida com Lembra de Mim? da Sophie Kinsella, mas a narrativa é bem diferente e um pouco mais aprofundada sobre a perda de memória.

Alice Love tem 39 anos, zelosa mãe de 3 filhos, malha como uma louca e está se separando de seu marido Nick. Um dia, durante uma aula na academia, ela cai e bate a cabeça. Quando consegue recobrar os sentidos, acha que ainda tem 29 anos, que está grávida do primeiro filho e que tem um casamento feliz. Todos acham esquisito e chamam uma ambulância para levá-la ao hospital, pois ela pensava que era 1998, mas eles já estavam em 2008. Ou seja, ela havia esquecido 10 anos da própria vida.

"O problema era que ela não conseguia se conectar ao "hoje" ou ao "ontem", ou mesmo à "semana passada". Ela estava flutuando pelo calendário, como um balão fujão." (pág. 25)

Alice é levada para um hospital e sua irmã Elisabeth vai vê-la e se surpreende com o fato dela não se recordar de nada. Alice acha tudo estranho: suas roupas, seu peso, as atitudes da irmã, a mochila que carrega e principalmente o fato de estar em uma academia. Prestes a completar 40 anos, Alice, mãe de Madison, Olívia e Tom, estava em processo de divórcio com o marido. Para ela esse foi o maior baque e o mais difícil de compreender, pois os dois tinham um relacionamento sólido e bonito no passado.

Foi uma incógnita os motivos que levaram a separação, mas no decorrer da narrativa, a autora dá pistas sobre o fim do relacionamento. Essa amnésia é para Alice, uma chance de rever sua vida sob outros olhos, pois tudo está completamente diferente do que ela queria para si. Fez com que eu pensasse sobre as mudanças pessoais que acontecem na vida das pessoas e como evoluímos no decorrer dos anos.

"Vocês diziam que era por isso que não podiam mais viver juntos. Porque brigam demais. Embora eu ainda tenha de continuar vivendo com as minhas irmãs imbecis e a gente brigue o tempo todo. Então, não tem lógica." (pág. 225)

A narrativa se alterna entre Alice, sua irmã Elisabeth e a avó delas (que escreve para seu blog direto do asilo onde vive - com textos bem divertidos). Elisabeth é casada com Ben e há anos tenta sem sucesso ter um filho. Ela narra a história através de cartas que escreve para o terapeuta e tem uma visão mais negativa sobre os últimos 10 anos. Ela e Alice se afastaram e isso influencia o que elas se tornaram no futuro. É uma personagem triste, mas que assiste Grey's Anatomy e por isso merece minha admiração (rs).

A escrita da autora me fascinou porque faz com que o leitor se sinta tão perdido como a protagonista. Assim como Alice não sabia nada de seu passado, eu também tinha a sensação de amnésia, pois as dúvidas dela eram minhas também. Eu ansiava por saber o que havia acontecido com ela e sua família.

"Alice se sentia como se o mundo tivesse sido embrulhado em algum tipo de gaze. Sua visão estava ligeiramente embaçada, sua boca parecia estar cheia de algodão. Era como se ela tivesse acabado de acordar e tentasse limpar a cabeça dos sonhos da noite anterior." (pág. 339)

Terminei a leitura entorpecida pelo ótimo desenvolvimento da história e por seus personagens tão humanos. A escrita da Liane Moriarty faz com que a leitura seja rápida, agradável e tranquila. Como li em formato e-book, não posso falar muito sobre a diagramação, mas adorei essa capa. Enfim, se você puder ler esse livro, por favor, faça isso! Você terminará com vontade de relê-lo.

"O amor do começo é excitante, empolgante. É leve e borbulhante. Qualquer um pode amar assim. Mas o amor depois de três filhos, depois de uma separação e quase divórcio, depois de magoar um ao outro e perdoar um ao outro, aborrecer um ao outro e surpreender um ao outro, de ter visto o melhor e o pior de cada um - bem, esse tipo de amor é inefável. Ele merece sua própria palavra." (pág. 373)

Beijos!