A Garota que Você Deixou para Trás - Jojo Moyes

Livro: A Garota que Você Deixou para Trás
Autor (a): Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Ano: 2014
ISBN 978-85-8057-471-5

"Durante a Primeira Guerra Mundial, o jovem pintor francês Édouard Lefèvre é obrigado a se separar de sua esposa, Sophie, para lutar no front. Vivendo com os irmãos e os sobrinhos em sua pequena cidade natal, agora ocupada pelos soldados alemães, Sophie apega-se às lembranças do marido admirando um retrato seu pintado por Édouard. Quando o quadro chama a atenção do novo comandante alemão, Sophie arrisca tudo — a família, a reputação e a vida — na esperança de rever Édouard, agora prisioneiro de guerra. Quase um século depois, na Londres dos anos 2000, a jovem viúva Liv Halston mora sozinha numa moderna casa com paredes de vidro. Ocupando lugar de destaque, um retrato de uma bela jovem, presente do seu marido pouco antes de sua morte prematura, a mantém ligada ao passado. Quando Liv finalmente parece disposta a voltar à vida, um encontro inesperado vai revelar o verdadeiro valor daquela pintura e sua tumultuada trajetória. Ao mergulhar na história da garota do quadro, Liv vê, mais uma vez, sua própria vida virar de cabeça para baixo."

Oie, tudo bom?

Eu costumo medir o que achei de um livro com base no que sinto ao término da leitura. Finalizei A Garota que Você Deixou para Trás às 03 horas da manhã e fui dormir pensando em tudo o que tinha lido e como a Jojo Moyes conseguiu me emocionar com sua escrita. Comecei a ler sem muitas expectativas porque antes eu tinha lido três resenhas negativas que me desanimaram, mas já aprendi que uma história funciona de formas diferentes para cada leitor.

O livro é dividido em duas partes: a primeira vai um pouco além da página 100 e se passa na cidade de St. Péronne na França em 1916. Na primeira parte a narrativa se dá em primeira pessoa e é protagonizada por Sophie Lefèvre. Já a segunda parte é ambientada em Londres no ano 2006,  a personagem Liv Halston é a protagonista e a história é escrita em terceira pessoa.

Sophie Lefèvre está sofrendo as consequências da Primeira Guerra Mundial, seu marido Édouard está no front e ela não o vê há mais de dois anos. Sua cidade está tomada e ela se vê obrigada a servir comida aos soldados alemães no antigo hotel de sua família, o Le Coq Rouge. Lá ela vive com sua irmã Hélène, seu irmão Aurélien e seus sobrinhos Mimi e Jean. Sophie vive a esperança de que a guerra termine e seu marido possa voltar para casa. Como consolo ela tem apenas um retrato que seu marido pintou de seu rosto.

"Ele me lembrara da minha própria força, que ainda restara dentro de mim para lutar. Quando você voltar, Édouard, juro que serei de novo a garota que você pintou." (pág. 17)

Décadas depois o quadro está na casa de Liv e foi adquirido pelo seu marido na Espanha durante a lua de mel do casal. Liv perdeu seu marido David quatro anos antes, vive na casa de vidro construída por ele e ainda não conseguiu superar a morte prematura do marido. O quadro, que ficaria conhecido como A Garota que Você Deixou para Trás, é a ligação entre essas duas mulheres.

A narrativa na segunda parte do livro é um pouco cansativa e acredito que isso pode causar estranheza durante a leitura. Não que seja um texto difícil, mas a trama fica mais lenta e condensada. Não desistam da história nessa parte porque a escrita da Jojo é muito boa e prende o leitor. Ela te convida a entrar nesse universo e faz com que você se afeiçoe as protagonistas. Durante a leitura consegui entender a importância daquele quadro na vida das duas e como essas duas personagens são fortes e determinadas.

"Sophie Lefèvre não é mais uma imagem em uma moldura dourada lascada: tornou-se uma pessoa, um ser vivo, tridimensional, que respira. Uma mulher que fala sobre roupa suja, escassez de comida, o corte do uniforme do marido, seus medos e frustrações. Ela se dá conta, mais uma vez, que não pode deixar o retrato de Sophie ir embora." (pág. 265)

Liv Halston é uma mulher que está sofrendo pela perda do marido e vive reclusa evitando relacionamentos e encontros. É uma pessoa solitária, mas certo dia sua vida cruza com Paul Mc Cafferty e tudo pode mudar por causa dele. Sobre personagens secundários eu gostei bastante da Mo, amiga de Liv que solta várias falas engraçadas no decorrer do livro.

A autora fala sobre a Primeira Guerra Mundial e um pouco do que foi viver naquela época na Europa. Confesso que em alguns trechos eu tive vontade de chorar ao me deparar com a forma que os alemães tratavam os franceses, a falta de itens básicos de sobrevivência e a falta de comida. Por causa do quadro a autora também fala sobre as obras de arte perdidas durante as duas grandes guerras. Foram tempos ruins que não devem ser esquecidos para que nunca mais se cometa algo daquele tipo.

"Estávamos varrendo o restaurante, limpando as últimas migalhas da mesa, Não que houvesse muitas: até os alemães tendiam a catar tudo que podiam, naquela época - o racionamento parecia deixar todo mundo querendo mais." (pág. 101)

Esse é um livro sobre perdas e as personagens vivem perdas distintas e tocantes. O quadro é como um bálsamo no meio da dor, do sofrimento e da angústia vivida por Liv e Sophie. O quadro dá esperanças para elas e as mantém de pé diariamente para enfrentar as dificuldades da vida. 

"Eles poderiam levar tudo, francamente. Tudo o que importa são as pessoas. Só o que importa mesmo é quem a gente ama." (pág. 348)

Eu fui arrebatada pela história criada pela Jojo Moyes e fico espantada por ela conseguir criar personagens tão simples e ao mesmo tempo cativantes. Segundo livro da autora que leio e recomendo muito para quem gosta de histórias emocionantes e bem escritas. 

Beijos!