A Retomada da União - Bárbara Morais

Livro: A Retomada da União - Trilogia dos Anômalos #3
Autor (a): Bárbara Morais
Editora: Gutenberg
Ano: 2015
ISBN 978-85-8235-313-4

"Com a ajuda de novos e velhos aliados, Sybil resgata seu passado ao mesmo tempo em que tenta conquistar um futuro diferente para seus iguais. Peça-chave no plano para deter os principais inimigos do Estado, a garota se encontra em meio a um jogo político abarrotado de intrigas e mortes. Prepare-se para desvendar os maiores e piores segredos que estão por trás do desfecho desta eletrizante trilogia."

*Livro cedido em parceria com a Editora Gutenberg.

Oie, tudo bom?

Gosto muito de finalizar séries, principalmente as que fazem parte de distopias porque sempre reservam grandes emoções e momentos épicos. Se você não conhece a série, te convido a ler as resenhas de A Ilha dos Dissidentes e Ameaça Invisível, postadas aqui no blog.

Toda a série é protagonizada pela Sybil Varuna, uma adolescente refugiada e resgatada de um naufrágio no navio em que estava. Ela foi a única sobrevivente e acabou descobrindo que era uma anômala com poderes relacionados a água. Ela foi adotada por Dimitri e Rubi e passou a viver na cidade de Pandora, local onde começou uma nova vida com vários amigos e sem o medo de bombas e conflitos. Porém, aos poucos Sybil percebe que a vida não vai ser fácil se ela não lutar bravamente por um futuro melhor.

Nessa distopia, algumas pessoas sofreram uma espécie de mutação que as deixaram com habilidades especiais e passaram a ser chamados de anômalos. Depois de alguns conflitos, humanos e anômalos passaram a viver pacificamente, mas existem cidades especiais somente para anômalos e eles necessitam usar roupas nas cores amarelas caso quando frequentam as cidades dos humanos. Quado o preconceito contra os anômalos atinge níveis preocupantes, rebeliões estouram, culminando em um grande acontecimento no fim de A Ameaça Invisível, ponto que não vou me aprofundar por causa dos spoilers. Posso adiantar que esse acontecimento foi o estopim de todos os atos de A Retomada da União.

Se na resenha do livro anterior eu reclamei da descaracterização de alguns personagens, dessa vez tenho muitos elogios a fazer sobre o desfecho da série. O grande medo que tenho em séries distópicas, são os autores que buscam finais perfeitos ou imperfeitos apenas para atender o público. A Bárbara foi extremamente coerente com o desenvolvimento da história e A Retomada da União tem uma narrativa intensa e convincente, sem perder o sentido da trama.

A escrita da autora é muito boa, envolvente e possui agilidade, sem perder tempo com determinadas tramas. Gostei da forma que ela resolveu alguns assuntos e pela maneira que se dedicou a temas menos importantes ao longo do livro. Ela soube construir o clímax da trilogia, criando expectativa e ansiedade no leitor.

Sybil não é a protagonista mais empolgante que conheci, mas ela conseguiu me cativar quando lutou pelos seus ideais. Foi muito interessante a forma com que ela passeou entre os personagens e as missões que teve que enfrentar. Ela sofreu muito, mas amadureceu rapidamente com as adversidades que foram impostas pela vida.

"Mas é isso o que eu quero? Fugir da situação, deixar que outras pessoas resolvam o problema enquanto me mantenho afastada de tudo? É exatamente o que eu fazia em Kali: nunca me importei muito com as batalhas, a guerra, o drama todo, nada fazia sentido para mim. Meu mecanismo de defesa é me retrair e fugir, evitar o sofrimento que pode acontecer se eu fizer algo. Antes de qualquer coisa, escolho o que me dá maiores chances de sobreviver." (pág. 28)

Ao contrário de A Ameaça Invisível, voltei a me identificar com a personalidade dos personagens secundários. Andrei e Leon foram importantes para a história, assim como outros que ganharam mais destaque nesse terceiro livro. A autora conseguiu dar a importância necessária para cada personagem no momento certo, com surpresas ao longo do caminho. Também foi positiva as relações pessoais e o romance da história é bem sutil e delicado.

"O amor é como um animal nas suas entranhas, se aninando em seu coração e cavando buracos em seu peito, e você sentirá tentada a matá-lo Mas ele vale a pena, cada segundo." (pág. 53)

Senti que esse livro teve uma narrativa bem mais dinâmica, com capítulos mais curtos e uma trama mais intensa. Tivemos mortes inevitáveis, algo recorrente em distopias, mas foram mortes coesas e impactantes. Tem emoção e aventura na medida certa.

A Retomada da União tem mais conflitos que seus antecessores e cumpre bem o seu papel de encerramento dessa trilogia distópica. Tem momentos de tensão, bons encerramentos e um final imperfeito do jeito que eu gosto. Uma ótima recomendação para quem gosta de livros com teoria da conspiração em ambientação distópica.

Beijos!