Autor (a): Chimammanda Ngozi Adiche
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2015
ISBN 978-85-359-2547-0
"O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo."A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente."Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: Você apoia o terrorismo!. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são anti-africanas, que odeiam homens e maquiagem começou a se intitular uma feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens."
*Livro cedido em parceria com a Editora Companhia das Letras
Oie, tudo bom?
Eu voltei...voltei para ficar...porque aqui...aqui é meu lugar. Sabe quando bate aquele mega desânimo e você não consegue fazer mais nada? Nas últimas duas semanas eu perdi a vontade de escrever para o blog, li pouco e preferia ficar assistindo um seriado ou um programa de TV. Minha amiga Dani intitulou esse período como "zikabooks" porque vários amigos blogueiros estão com a mesma sensação. Odeio me sentir assim, mas espero que março leve todo esse mal estar e que abril (aniversário do blog!!) seja repleto de ótimas leituras e posts incríveis. A Raquel do Por uma Boa Leitura fez um post sobre um assunto que vale a pena dar uma lida.
Bom, chega de falar sobre isso porque preciso comentar sobre minha última leitura. A resenha de hoje é para falar do livro Sejamos Todos Feministas, um presente enviado da Companhia das Letras para comemorar o Dia Internacional das Mulheres. Trata-se de uma adaptação da palestra feita pela autora no TEDxEuston em 2012, uma conferência anual focada na África. Esse texto já tem mais de 1 milhão de visualizações e foi transformado em música pela Beyoncé.
Na primeira vez que a autora foi chamada de feminista, ela fez questão de olhar no dicionário para entender o significado daquela palavra. Depois daquilo, ela passou a ter um olhar diferente sobre a igualdade de gêneros e seu discurso explana sua opinião sobre o assunto. Chimamanda luta por direitos como mulher, escritora e nigeriana, exigindo o direito de todas que são segregadas por situações ditas como "normais", mas são apenas convenções sociais que excluem o gênero feminino.
Por ser um texto feito durante uma palestra, a leitura é mais fluida, intensa e reflexiva. Poucas vezes um texto me mobilizou tanto quanto esse, pois me identifiquei com várias situações relatadas pela autora. Um deles foi os garçons, que sempre tem a tendência de atender apenas quando os homens os chamam. Sei disso porque sempre que estou com meu marido, falo para ele assim: "Amor, chama o garçom porque se eu chamar ele não vem". É exatamente assim que eu tenho que agir para ser atendida em um restaurante porque a maioria dos garços IGNORA os pedidos feitos pelas mulheres.
"O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas do gênero." (pág. 37)
Quantas vezes eu escuto que devo agradecer se meu marido troca a fralda, dá banho ou cuida do meu bebê por alguns minutos. O quão agradecida eu deveria ser? Ele também não é o pai? Não é casado comigo? O correto é que ele compartilhe a educação do nosso filho comigo, mas em nossa sociedade a visão é distorcida e muitas vezes o pai só precisa dar uma "ajuda" que está tudo certo. E não são pessoas estranhas que pensam assim, são nossos pais, tios, primos, irmãos (homens e mulheres porque conheço várias que pensam assim).
Como a Chumamanda afirma, os homens são fisicamente mais fortes sim, não negamos isso. Mas, o mundo atual não permite mais esse tipo de separação e a falta de equiparação entre homens e mulheres. Trabalhamos como eles, lutamos diariamente, somos mães, somos batalhadoras. O problema é que a balança nunca pesa para os dois lados e as exigências feitas para as mulheres, não são feitas com os homens.
Se uma mulher diz que não quer ter filhos, ela é vista como a pior das pessoas e o mesmo não acontece com um homem. Se ocorre uma traição, a mulher é safada e o homem garanhão. Os meninos não precisam ajudar na limpeza da casa, mas para as meninas é obrigação diária. As meninas precisam guardar sua virgindade, mas os meninos que demoram a perdê-la são vistos como frouxos. Sociedade hipócrita não é mesmo?
"Perdemos muito tempo ensinando meninas a se preocupar como o que os meninos pensam delas. Mas o oposto não acontece. Não ensinamos os meninos a se preocupar em ser "benquistos". Se, por um lado, perdemos muito tempo dizendo às meninas que elas não podem sentir raiva ou ser agressivas ou duras, por outro elogiamos ou perdoamos os meninos pela mesma razão." (pág. 27)
É a nossa sociedade que cria a rivalidade existente entre as mulheres. Crescemos com pessoas dizendo que precisamos ser mais bonitas, mais simpáticas, mais gentis e mais agradáveis que as outras. É a nossa educação que nos molda a ser machista com nosso próprio gênero. Não deveríamos ser assim, deveríamos valorizar as diferenças porque elas moldam quem somos.
O texto não tenta mudar só a opinião das mulheres sobre seu papel, mas sugere a mudança em toda a sociedade. Se você é mãe e cria um filho que não respeita as mulheres, pense que a educação dele veio de você, uma mulher também. Não podemos nos acostumar com algumas situações e deixa-las se tornarem banais porque elas não são. Uma mulher tem o direito de sair sozinha se quiser, de usar roupa curta, de usar o cabelo do jeito que achar melhor, de comandar uma empresa; uma mulher tem os mesmos direitos de um homem.
Existe sim um problema, um impasse, um preconceito. Temos que lutar para que o mundo mude sua concepção do que uma mulher representa para que no futuro, nossas filhas, irmãs, tias, primas....tenham mais orgulho de se denominar feminista. Igualdade de gêneros é um direito nosso. Não deixe que a sociedade te reduza a menos do que você merece!
Eu não conhecia a autora, mas fiquei encantada pela clareza de ideias que ela tem. A Companhia das Letras já lançou outros livros dessa autora e pretendo conhecer essas histórias. Espero que todas tenham a oportunidade de ler esse texto.
Beijos!
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirEu também não conhecia essa autora, mas tenho ouvido vários comentários positivos sobre essa obra, especialmente diante de sua temática importante. Bom saber que a editora já lançou outros títulos dela e é por isso mesmo que vou procurar mais informações a respeito. Obrigada pela dica.
Beijos, Fer
Gente, ainda não consegui ler este livro.
ResponderExcluirPreciso ler desesperadamente (risos)
Beijinhos...
http://estantedalullys.blogspot.com.br/
Adorei as suas palavras, acho que seria muito bom para mim ler esse livro para poder ampliar minha mente, me considero feminista, mas acho que o movimento não esta muito bem colocado (opinião minha), por isso muitas vezes não me defino como feminista. Voltando a sua resenha, eu realmente tenho vontade de ler o livro para saber mais sobre esse discurso.
ResponderExcluirOi, Aline!
ResponderExcluirTenho o pdf, mas ainda não tive tempo de ler :/
É bem assim que você disse, mesmo. Na verdade os garçons até vem, mas se quiserem ficar fazendo gracinha pro seu lado (já aconteceu comigo quando estava apenas com meus pais).
E AIIIIIIIIIIIIII QUE RAIVA quando acham lindo e maravilhoso que meu namorado troque fralda e faça nosso filho dormir. HELLOOOO ele não faz mais que obrigação. Não fico "dando biscoitinho", não.
Beijos,
Kemmy - Duas Leitoras|Vem participar da resenha premiada e top comentarista de abril ♥
Fiquei MEGA interessada em ler esta obra de Chimamanda, mas não só esta, e sim as outras que comentou. Aliás, quero ver se assisto a palestra do TED dela! :D Incrível, simplesmente! :D
ResponderExcluirBeijos.
Aline, você acredita que eu também passei por uma fase assim? Meu último livro lido havia sido em Fevereiro. Não li absolutamente nada no mês de Março. Não tinha vontade nenhuma. Via filmes, séries, e só.
ResponderExcluirAgora acho que me curei desse zikabooks... ahahahaha.
Não curto livros sobre feminismo, então vou deixar esse passar. :)
Beijos!
www.oblogdasan.com
eu pretendo ler esse livro o mas breve possível, baixei até em ebook mas espero a chance de comprar a versão física pra ler... e é tão curtinho, acredito que vou curtir a escrita fluída dele... realmente, é uma hipocrisia machista a que somos submetidas...
ResponderExcluirOlá Aline! Em minha opinião, precisamos é de uma grande reforma cultural, posso estar errada, mas não são poucas pessoas da nossa idade que ainda possuem um pensamento muito retrogrado com relação a situações ligadas ao gênero. Isso assusta, se formos parar para pensar e observar, ainda é uma longa estrada para percorrermos.
ResponderExcluirumreinomuitodistante.blogspot.com.br
Sei bem como é esse desânimo, estou muito cansada e desanimada, com várias resenhas para digitar no blog e não sai nada. Olha, essa foi a melhor resenha que já li em seu blog, esse relato de ter que agradecer ao seu marido, foi perfeito, uma excelente contextualização. Eu sou apaixonada pela Chimamanda e estou com outro livro dela aqui para ler.
ResponderExcluirDroga, meu exemplar ainda não chegou :(
ResponderExcluirEu estou louca pra ler esse livro. E concordo totalmente com a parte de "Se uma mulher diz que não quer ter filhos, ela é vista como a pior das pessoas e o mesmo não acontece com um homem.", eu sou uma pessoa que não pensa em ter filhos e desde que eu me entendo por gente eu nunca consegui me ver como mãe. Nunca curti muito brincar de boneca e - lá vem pedras - nunca curti muito crianças. Hoje, com 26 anos na cara, quando comento isso com alguém sempre escuto a mesma ladainha "ah, mas você é muito nova pra decidir isso". Muito nova? Oi? Até onde eu sei há pouco tempo 26 anos era ser muito velha pra ter filho. Mas hoje em dia, já que todo mundo tá tendo filho tarde, 26 anos passou a ser uma idade nova demais pra tomar uma decisão como essa. Eu discordo, eu posso sim em algum momento mudar de ideia, mas acho MUITO pouco provável.
E quanto ao cabelo, durante anos eu tive cabelo curto e desde o momento que cortei meu cabelão, que era na cintura, comecei a escutar frequentemente perguntas envergonhadas querendo saber se eu era homossexual. CARALHO, é só um corte de cabelo!!! hahaha Agora todas as mulheres de cabelos curtos têm que ser lésbicas?! Não sei da onde essas pessoas tiram essas lógicas tão ilógicas.
Um Metro e Meio de Livros
Oi!!
ResponderExcluirEsse tema está sendo cada dia mais abordado, as mulheres estão atentas e sempre fazendo de tudo para conquistar o que é seu por direito.
É revoltante ver que mesmo nos dias de hoje, com toda a evolução ainda tem mães que tratam os filhos meninas e meninos de forma diferente, já está mais do que na hora de isso mudar.
Eu não conhecia esse livro e quero comprar, gostei do texto que você escreveu, é sempre bom ler algo assim que nos faça refletir sobre o que está acontecendo a nossa volta.
Beijão!
Lilica - O maravilhoso mundo da leitura
Deve ser uma leitura maravilhosa. Nós mulheres às vezes não percebemos os absurdos que sofremos no dia-a-dia, nas coisas mais simples, por isso acho importante esse tipo de leitura.
ResponderExcluirHey! Vi bastante sobre esse livro nos últimos tempos e vi muitas resenhas positiva e etc. Confesso que não me interessa muito, então deixo a dica passar. Flores no Outono
ResponderExcluirEi, tudo bem?
ResponderExcluirNão assisti o discurso da autora, mas vi inúmeros comentários sobre o que ela disse e sua opinião sobre o assunto. Estou bem curiosa para poder ler esse discurso e espero que ele me esclareça muitas coisas.
Beijos, Gabi
Reino da Loucura
Ei, tudo bem?
ResponderExcluirNão assisti o discurso da autora, mas vi inúmeros comentários sobre o que ela disse e sua opinião sobre o assunto. Estou bem curiosa para poder ler esse discurso e espero que ele me esclareça muitas coisas.
Beijos, Gabi
Reino da Loucura
Ei Aline,
ResponderExcluirSó estou esperando o salário entrar pra comprar o meu haha.
Vi uma resenha mês passado e fiquei com a sensação de "necessito desse livro". Gosto de tudo que trata sobre feminismo e essa parece uma leitura muito importante.
Coração Leitor
Acho sensacional a proposta de livros como esse. É extremamente necessário abordarmos o assunto, tanto para as pessoas que já são posicionadas quanto para as que ainda não o são.
ResponderExcluirNão fiz a leitura ainda, mas quero muito ler o livro. Sinto que irei reafirmar minhas opiniões ainda mais.
Olá!
ResponderExcluirO tema é de fato bem forte e marcante. O feminismo já existia décadas passadas e parece que vem se fortalecendo novamente. Gostei da resenha.
Ni
Cia do Leitor
Olá!!
ResponderExcluirMulher, eu tb passo por isso ocasionalmente. Faz parte acho! Logo vc volta ao normal!
Eu tenho vontade de ler esse livro justamente por ser nesse estilo "palestra". Gosto do tema e gosto de livros que acrescentem. Esse em especial está muito bonito e espero ler logo!
Bjus
Blog Fundo Falso