Espada de Vidro - Victoria Aveyard

Livro: Espada de Vidro - A Rainha Vermelha #2
Autor (a): Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Ano: 2016
ISBN 978-85-65765-99-7

“Se sou uma espada, sou uma espada de vidro, e já me sinto prestes a estilhaçar.”

O sangue de Mare Barrow é vermelho, da mesma cor da população comum, mas sua habilidade de controlar a eletricidade a torna tão poderosa quanto os membros da elite de sangue prateado. Depois que essa revelação foi feita em rede nacional, Mare se transformou numa arma perigosa que a corte real quer esconder e controlar." (Trecho da sinopse para evitar spoilers do primeiro livro)

*Post especial da #SemanadaMulher

Oie, tudo bom?

Espada de Vidro é o terceiro livro da série A Rainha Vermelha, precedido pelos livros A Rainha Vermelha e Coroa Cruel (livro de contos). Os dois livros já foram resenhados aqui no blog e nelas é possível conhecer melhor esse universo distópico. Essa resenha não terá spoilers dos livros anteriores, ou seja, podem ler sem preocupação.

Minha ansiedade em ler essa continuação era enorme, pois gostei muito do primeiro livro e Espada de Vidro começa exatamente do ponto em que A Rainha Vermelha acabou. Por causa disso, temos um livro mais sombrio, tenso e impactante. Nessa distopia, o mundo é dividido entre quem tem o sangue vermelho: os comuns e obrigados a viver em péssimas condições; e os que possuem sangue prateado, os que tem poderes e são considerados nobres e importantes.

Os prateados são comandados por uma realeza tirana, impiedosa e poderosa, mas toda a ordem social sofre um abalo quando Mare Barrow, uma vermelha, consegue controlar a eletricidade, contradizendo tudo o que foi dito pela elite prateada.

Conhecida agora como "Garota Elétrica", Mare está em fuga depois de tantas traições e isso faz com que ela não confie em ninguém. Eu gostei muito da Mare no livro anterior porque ela não era uma protagonista 'reclamona' e sempre foi muito inteligente, determinada e forte. No entanto, em Espada de Vidro a protagonista me irritou demais com o excesso de auto-piedade e a necessidade de lamentar o tempo todo. Ela quer ser forte (ela é forte!), mas é uma humana com sentimentos, instintos e vontades. Creio que a autora quis mostrar o quanto uma situação extrema é capaz de transformar uma pessoa, positiva ou negativamente.

"Mare, Mareena, garota elétrica, rainha vermelha -, e ninguém ao mesmo tempo. Ela não aprece ter medo. Parece bruta de pedra, com traços sombrios, cabelo em tranças coladas na cabeça e um emaranho de cicatrizes no pescoço. Não tem dezessete anos, não tem idade nenhuma. Não é prateada. Não é vermelha." (pág. 391)

Além da mudança no comportamento da Mare, a autora também endureceu a personalidade dos personagens antigos. Esse é o tipo de distopia em que não é recomendado se apegar aos personagens porque a autora não tem medo de matá-los. Ela mal deixa o leitor respirar entre um baque e outro, com perdas significativas ao longo do caminho.

Espada de Vidro tem uma cadência bem mais lenta que seu antecessor, tornando a leitura mais vagarosa e algumas vezes cansativa também. Tive a impressão de que a autora prometia um conflito a todo momento, mas este nunca vinha. Não que seja um livro totalmente parado, mas o desenvolvimento é lento e exige atenção com os detalhes deixados pelos personagens.

Nesse livro eu percebi a importância dos contos Canção da Rainha e Cicatrizes de Aço, pois deram pequenos avisos do que estava por vir na história, principalmente para Cal, Mare e Diana. Aliás, Diana foi uma personagem que cresceu bastante e passe a vê-la com outros olhos. A Victoria Aveyard  explorou mais essa personagem, mostrando seu passado e seus medos. Outro que apareceu bem mais foi o Cal, príncipe de fogo, comandante de guerra, um cara forte e frágil. Kilorn também é um personagem que me conquistou quando seu personagem conseguiu ter mais destaque.

Essa série distópica quase não tem romance. Não que ele não exista, mas são apenas pequenos momentos no livro. Eu gosto de romances, porém não senti falta porque a trama consegue prender durante a leitura sem a necessidade de focar no sentimentalismo romântico.

"Deixo minha mão se fechar em volta da dele. O contato até me acalma um pouco, mas é fraco. Nosso laço está desgastado, na melhor das hipóteses, e não sei como consertar." (pág. 454)

Um ponto negativo desse livro foi a semelhança com a série X-Men da Marvel. Não só pelos poderes dos personagens, pois isso já tinha sido abordado em A Rainha Vermelha. O problema é que apareceram poderes bem semelhantes aos que existem em X-Men e rolou uma busca pelas pessoas com poderes, parecido demais com o que é feito com os mutantes do Professor Xavier. Eu odeio comparações porque pode assustar o leitor, mas nesse caso foi impossível não reparar.

"Se sou uma espada, sou uma espada de vidro, e já estou prestes a estilhaçar." (pág. 275)

Espada de Vidro é um livro intenso, cheio de acontecimentos e interrogações. Mesmo com um ritmo mais lento, a autora consegue manter nosso interesse na história com cada capítulo puxando a curiosidade para o próximo. O final me deixou completamente chocada e assustada com o que está por vir, pois mais uma vez a autora deixou um cliffhanger que deixou meu coração na mão.

Essa distopia tem ótimos elementos, muitos personagens, poderes diversos e muita intensidade. Uma leitura que consegue ser uma ótima história de ligação, repleta de perdas e emoções.

"Ninguém nasce mau, assim como ninguém nasce sozinho. As pessoas se tornam más e solitárias, por escolha e circunstância. Esta última você não pode controlar, mas a primeira..." (pág. 454)

Beijos!