Proibido - Tabitha Suzuma

Livro: Proibido
Autor (a): Tabitha Suzuma
Editora: Valentina
Ano: 2014
ISBN 978-85-65859-36-3

"Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis. Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã. Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade."

*Livro cedido em parceria com a Editora Valentina.

Oie, tudo bom?

Sabe quando você termina um livro e precisa desesperadamente resenhá-lo para que o mundo saiba porque você gostou da leitura? É exatamente isso que está acontecendo com Proibido, um livro tão intenso que é impossível não pensar nele depois que você passa pela última página.

Proibido conta a história de Lochan e Maya, dois irmãos, que sempre tiveram que cuidar dos três irmãos mais novos, enquanto sua mãe saia para festas, namorava e bebia cada vez mais. Os dois tem quase a mesma idade e sempre tiveram que dividir as obrigações de levar os irmãos na escola, alimentá-los, administrar as contas da casa, cuidar da organização, fazer os trabalhos da escola e ainda precisam ter cuidado para que a assistência social não descubra tudo e queira enviá-los para um abrigo.

"Não adianta lutar, só serviria para nos magoar mais ainda. O ser humano só precisa de um fluxo constante de nutrição, oxigênio e amor. Sem Maya, eu perco todos os três; separados, morreríamos lentamente." (pág. 150)

Com o tempo, a mãe deles vai ficando cada dia mais distante de casa e nas raras vezes que aparece, não faz questão de dar nenhum tipo de assistência aos filhos. Kit, Willa e Tiffin são crianças completamente negligenciadas pela pessoa que as colocou no mundo. Como eu tive raiva dessa mulher, como desejei entrar no livro para xingá-la e perguntar porque ela era tão mesquinha e indiferente com os filhos. Não duvido que exista pessoas assim pelo mundo, pois eu mesma conheço pessoas próximas que largaram os filhos por causa de um romance ou um vício. O que não entendo é como a pessoa é capaz de fazer algo assim.

Quando você lê a sinopse ou uma resenha desse livro, a primeira reação é condenar a simples suposição do relacionamento entre os dois irmãos, mas foi durante a leitura, que minha opinião ficou ainda mais confusa e conflitante. Parece inconcebível torcer para que os dois fiquem juntos, mas foi exatamente isso que eu fiz desde o início. Torci para que o amor vencesse e torci como uma adolescente apaixonada para que tudo desse certo.

"No fim das contas, o que importa mesmo é o quanto você pode suportar, o quanto pode resistir. Juntos, não fazemos mal a ninguém; separados, nós definhamos." (pág. 154)

Os dois são irmãos, mas sempre tiveram uma relação muito próxima em um ambiente desestruturado. Lochan e Maya assumiram responsabilidades muito cedo e foram os dois que amaram e cuidaram dos irmãos. Acredito que isso tenha influenciado na minha percepção da história, pois os dois nunca tiveram uma verdadeira relação de irmão e irmã. Eles precisaram assumir o papel de pai e mãe na organização da casa para que a família não fosse separada.

Lochan tem apenas 17 anos, é um garoto inteligente, mas extremamente tímido. Ele nunca conseguiu ser ele mesmo na escola e tinha muita dificuldade para expressar sua opinião em voz alta. Carinhoso, protetor e determinado, ele tenta fazer tudo certo até o final. Maya tem 16 anos, é delicada, batalhadora, madura e protetora. Ela luta todos os dias para que seus irmãos cresçam bem e sem traumas.

A autora Tabitha Suzuma tem uma escrita tão delicada, que cada frase do livro é como uma poesia em prol do amor. Ela conseguiu transformar um assunto polêmico, em uma narrativa cativante e poética. O que eu penso depois disso? Que pretendo ler tudo o que a Tabitha escrever.

"Mesmo à noite, quando abraço o travesseiro e olho por entre as cortinas abertas, não me permito ceder - porque, se fizesse isso, eu não me levantaria mais. Eu me fragmentaria em mil pedaços como vidro estilhaçado." (pág. 136)

É tão difícil resenhar um livro que gostei tanto. Fico com medo de não falar tudo o que precisa ser dito sobre ele. Proibido é surpreendente e possui uma história que tinha tudo para angariar críticas, mas ao contrário disso, ele consegue ser estupidamente maravilhoso e doloroso. Sim, é doído demais finalizar essa leitura pelo simples fato de que participei de cada momento entre os dois.

Os dois sabem das consequências se alguém descobrir a relação dos dois e tentam o tempo todo lutar contra seus sentimentos. Eles sabem o que significa o incesto, mas eles também sabem que nunca se viram apenas como irmãos. Maya e Lochan sempre tiveram um carinho tão especial que ultrapassou a relação fraternal. Eles tentam passar por cima do que sentem, mas se torna cada dia mais impossível ignorar os sentimentos.

Quero que vocês vejam esse livro sem os olhos da polêmica e absorvam a poesia dessa narrativa. Independente da discussão do incesto, é um livro tão encantador quanto arrasador. Seu desfecho foi a coisa mais dolorida que tive que ler e não quis aceitar e acreditar. Me senti angustiada e triste por tudo que aconteceu.

"Como uma coisa tão errada pode parecer tão certa?" (pág. 131)

Intenso, delicado e poético são simples adjetivos relacionados a esse livro. Proibido é uma leitura que conseguiu ser doce e amarga. Uma das melhores leituras de 2015.

Beijos!