A Formatura - Joelle Charbonneau

Livro: A Formatura – O Teste 3
Autor (a): Joelle Charbonneau
Editora: Única
Ano: 2014
ISBN 978-85-670278-47-7

"O futuro nunca foi tão incerto e desesperador. Cia Vale jamais imaginaria que as coisas pudessem chegar a esse ponto. Ela tem uma importante missão: liderar as ações para a verdadeira reconstrução do mundo pós-guerra, um caminho sem volta. Agora, ela é a peça-chave para concretizar o plano de pôr fim ao Teste, para o bem das pessoas. Diante de um horizonte cheio de cicatrizes brutais, uma guerra prestes a começar e um governo cruel e corrompido, Cia não tem escolha a não ser se preparar para chegar às últimas consequências – se for preciso. Será que seus colegas a seguirão para a batalha final?"

*Livro cedido em parceria com a Editora Única.

Oie, tudo bom?

Esse foi o ano das distopias e a trilogia O Teste foi uma grata surpresa durante as leituras do ano. Estava bastante ansiosa para saber como a história terminaria e qual seria o destino da Malencia, a Cia. Essa resenha não tem spoilers dos livros anteriores e convido vocês a lerem também as resenhas de O Teste e Estudo Independente.

A série O Teste se passa em um futuro distópico depois que a terra passou por sete estágios de guerra. Os diversos conflitos entre as nações causaram diversos danos à terra. Dispostos a recuperar o mundo, foi criado o Teste, um exame que testa estudantes a cada ano para escolher os futuros líderes do país. Cia Vale foi escolhida para o Teste, mas ao participar descobriu que se tratava de uma estrutura governamental que eliminava os fracos e que era comum que muitos estudantes morressem ou fossem mortos durante o caminho.

Em O Teste e Estudo Independente acompanhamos a jornada eletrizante da protagonista e minhas expectativas estavam nas alturas para acompanhar o desfecho da trilogia. Porém, ainda estou decidindo se estou com raiva ou apenas decepcionada com A Formatura. Cadê o meu final impactante? Cadê a emoção, e a adrenalina que houve nos outros livros? Eu gostei do final, mas a forma com que a autora chegou a ele foi o que realmente me incomodou.

Esse livro começa exatamente do ponto em que Estudo Independente terminou, ou seja, somos novamente inseridos em toda a tensão do livro anterior. Isso foi interessante para manter o leitor ligado nos últimos acontecimentos da história. Mas, as primeiras 100 páginas do livro são extremamente paradas e fiquei vendo a Cia dar voltas sobre o mesmo assunto: o fato dela ser obrigada a matar pessoas. Em livros distópicos a morte é algo sempre presente e pode acontecer com qualquer personagem na história. Porém, a Cia não consegue lidar com as mortes "necessárias" e fica remoendo isso como um disco quebrado. Eu só pensava: até quando?

"Meus pais me educaram para acreditar nos meus conterrâneos e na Comunidade Unida para consertar as coisas. Fico imaginando o que diriam se soubessem que me disseram que, para consertar o país pelo qual eles deram duro, eu agora tenho de, deliberadamente, tirar vidas." (pág. 49)

Apesar disso, eu gostei da inteligência da Cia para escolher quem era leal a era e quem não era. Aliás, ela foi uma protagonista bastante linear durante toda a série. Em alguns momentos parecia que nada poderia detê-la.

Em relação ao desenvolvimento da trama, o livro conseguiu desenvolver histórias pendentes e resolveu a maioria das pontas soltas. Porém, eu ainda senti falta de mais explicações sobre as reais intenções de alguns personagens como o Dr. Barnes e a presidente Collindar. No final eu fiquei com uma "pulguinha" me incomodando e dizendo que tinha mais informações escondidas que até a Cia desconhecia.

"Cheguei a Tosu City sem marcas. Pensava que soubesse o que significava liderança, e o que enfrentaria se fosse selecionada para o Teste. As cinco cicatrizes em relevo me lembram de quanto fui longe e de quanto mudei. Porque não é apenas o exterior que ficou marcado. onde minhas crenças eram, um dia, preto e branco, agora vejo tons de cinza." (pág. 76)

A Formatura tem menos diálogos e mais momentos de reflexão da protagonista. Em algumas partes isso ficou bem chato, mas não atrapalha o andamento da leitura.  A autora Joelle Charbonneau continua com uma escrita dinâmica e envolvente. Foi um livro em que a Cia ficou muito tempo refletindo sobre as pessoas que morreram por causa do Teste e também em todos os obstáculos que ela teve que enfrentar. Em livros distópicos sempre rola esses momentos do protagonista, mas nesse caso foram excessivos.

Raffe acabou se tornando um dos meus personagens preferidos por causa da sua inteligência, sagacidade e determinação. Ele foi extremamente importante no final de Estudo Independente e durante A Formatura. Além disso, também me surpreendi com o Will que teve muito destaque no primeiro livro. Porém, continuei com uma birra do Tomas, um personagem sem sal, incoerente e irrelevante.

Eu queria muito ter finalizado a leitura de A Formatura com a sensação de dever cumprido, mas confesso que me sinto meio incompleta porque esperava muito mais dessa leitura. A trilogia é muito envolvente e eletrizante, mas merecia mais explicações e emoção na hora em que finalmente as cartas fossem colocadas a mesa.

"Indo em direção a onde tudo começou, acho que finalmente entendo porque o Teste foi criado. Em uma época em que cada decisão poderia significar a diferença entre um país reconstruído e outro depredado demais para ser reparado, os fundadores do Teste não estavam dispostos a confiar nas melhores intenções de ninguém." (pág. 273)

Recomendo que vocês leiam a trilogia O Teste porque sei que vai agradar muitos leitores, principalmente os fãs de distopia. Apesar de não ter concordado com o desfecho, é uma trama envolvente, instigante e que merece ser lida por todos.

Beijos!