Batendo à Porta do Céu - Jordi Sierra i Fabra

Livro: Batendo à Porta do Céu
Autor (a): Jordi Sierra i Fabra
Editora: Biruta
Ano: 2013
ISBN 978-850-7848-130-8

"Uma jovem estudante de medicina decide abrir mão de seu conforto, de sua família e de seu namorado para trabalhar como voluntária em um hospital na Índia, durante as suas férias de verão. Em sua jornada, Sílvia conhece as peculiaridades de um país muito diferente do seu, convive com a pobreza e conhece pessoas que se tornarão muito especiais e importantes em sua vida, como o voluntário Leo, a médica Elisabet Roca, as pequenas Viji e Narayan e o misterioso Mahendra."

*Livro cedido em parceria com a Editora Biruta.

Oie, tudo bom?

Solicitei esse livro para resenha imaginando uma narrativa diferente, mas Batendo à Porta do Céu foi um livro que me surpreendeu muito mais pela sua carga dramática e reflexiva.

A história é protagonizada pela Sílvia Prats, uma estudante de medicina espanhola que decidiu passar o verão como voluntária na Espanha. Sílvia é de uma família de médicos famosos e sempre sofreu preconceito por ser muito bonita, pois as pessoas não acreditavam na sua capacidade intelectual e em sua força de vontade. Contrariando seus familiares e o namorado, ela decide se aventurar no Rural Hospital Trust, um centro médico na cidade Pashbar, localizada no interior na Índia que recebe vários voluntários de todas as partes do mundo.

No primeiro momento, assim como a própria Sílvia, o leitor sente estranheza com a diversidade da cultura indiana. Eles são muito diferentes dos ocidentais e possuem valores que já se perderam há muito tempo em nossa cultura. A protagonista é uma pessoa corajosa, determinada e está disposta a dedicar seus dias de férias para conhecer a população desse país e ajudá-los com a medicina que aprendeu. O que chamou minha atenção nessa história, foi que o trabalho voluntário não luta apenas para salvar vidas, mas também é importante para dar dignidade para pessoas que passam por situações de extrema pobreza.

"Como fica o amor quando as duas pessoas apontam para direções opostas? Quem cede? Ou melhor, por que alguém tem que ceder? Seu mundo estava se abrindo. A Índia e o que faziam davam, finalmente, um sentido às suas inquietações." (pág. 118)

No hospital, a Isabel é orientada pela médica Elizabet Roca, que mora na Índia há muitos anos e comanda o HRT juntamente com o doutor Giner. Os dois exercem os papéis de pais protetores da Isabel e dão bons conselhos e orientações pessoais e profissionais. Outro personagem importante é o Léo, voluntário espanhol que está se especializando em oftalmologia. Léo é um cara inteligente e, no primeiro momento não gosta da Isabel, mas logo eles se tornam amigos e dividem momentos de muitas emoções na prática da medicina.

Mas, para mim o personagem secundário que mais se destaca é o indiano Mahendra, dono das terras onde fica o hospital e dono de uma grande tristeza depois de uma perda familiar. Ele logo se aproxima de Isabel e os dois dividem conhecimentos, dúvidas e questionamentos. Esse livro é cheio de metáforas, sendo que Mahendra foi uma delas e conseguiu ensinar muitas lições a Isabel.

"O tempo é muito mais lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito comprido para os aflitos, muito curto para os alegres, mas para os que amam, o tempo é uma eternidade." (pág. 292)

Esse livro tem uma diagramação bem trabalhada com diversos detalhes que remetem a cultura indiana. A cor laranja e o carmim nos transportam as cores fortes da cultura indiana. Além disso, a fonte tem tamanho confortável e não identifiquei erros gramaticais e de revisão.

Batendo à Porta do Céu é um singelo livro que usa o voluntariado para falar sobre crescimento pessoal, humano e espiritual. Esse livro foi escrito para inspirado na espanhola Ana Isabel Sanchéz, que foi assassinada na Guiné Equatorial quando chegava ao país para realizar trabalho voluntário.

Se você está em busca de uma leitura reflexiva e pessoal, essa leitura é bastante indicada. Um livro com uma narrativa simples, mas ao mesmo tempo complexa e interessante.

Beijos!