Cartas de Amor aos Mortos - Ava Dellaira

Livro: Cartas de Amor aos Mortos
Autor (a): Ava Dellaira
Editora: Seguinte
Ano: 2014
ISBN 978-85-65765-41-1

"Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma."

*Livro cedido em parceria com a Editora Seguinte.

Oie, tudo bom?

Sabe aqueles livros que você sabe que são bons, mas que te encantam de uma forma única? Com uma linguagem poética e delicada, a autora Ava Dellaira criou uma bela narrativa que fala sobre as perdas que temos na vida.

Laurel é uma adolescente que acabou de entrar no ensino médio, mas está enfrentando problemas bem maiores do que uma garota normal da sua idade. Ela perdeu a irmã mais velha e a primeira tarefa que sua professora passa no colégio é escrever uma carta para uma pessoa que já morreu. Ela escreve a carta para Kurt Cobain, mas não entrega a professora e passa a escrever outras cartas para pessoas famosas que já morreram.

Com essas cartas ela passa a questionar a morte dessas pessoas e também começa a refletir sobre o que aconteceu com sua irmã. No início da leitura a Laurel foi uma protagonista bem chata de aguentar porque ela se espelhava muito na May, sua irmã, se culpava pela sua morte e tentava ser uma pessoa tão especial como May foi. Me irritei com a vontade que ela tinha de ser parecida com a irmã como se a May fosse uma pessoa perfeita e, no decorrer da leitura, percebemos que não era exatamente assim.

Em outros momentos minha raiva foi direcionada para May, pois eu a considerei negligente e inconsequente com sua irmã caçula. Sei que ela também era uma adolescente em uma fase difícil, mas não consegui simpatizar com a personagem tão facilmente.

"Eu gostaria que você pudesse me dizer onde está agora. Sei que está morta, mas acho que tem alguma coisa da gente que não desaparece completamente. Está escuro lá fora. E você está lá. Em algum lugar. Eu te deixaria entrar aqui." (pág. 16)

No entanto, eu entendi que ela se sentia perdida e com raiva porque não conseguia aceitar que sua irmã não estaria mais ali para ser seu referencial. Quando se perde alguém inesperadamente a sensação é que perdemos nossa direção.

Ao longo do ano letivo Laurel conhece seu primeiro amor com Sky e suas novas amigas: Natalie e Hannah. Os três são importantes para ela e dão um suporte que a família de Laurel não consegue dar no momento. Com eles ela passa a se descobrir, começa a encarar as consequências de sua perda e tenta superar as consequências do luto de seus pais.

"Nirvana significa liberdade. Liberdade do sofrimento. Acho que algumas pessoas diriam que a morte é exatamente isso. Então, parabéns por estar livre, acho. O resto de nós ainda está aqui, agarrado aos cacos." (pág. 197)

Carta de Amor aos Mortos é um delicado relato sobre a morte e o que a perda significa para uma pessoa. Cada um tem uma maneira de lidar com isso e pode agir com raiva, descaso, tristeza ou compaixão. Porém, na maioria das vezes o parente ou amigo tem que refletir sobre a vida daquele que morreu e foi exatamente isso que a Laurel fez com suas cartas.

Eu gostei muito da narrativa feita através das cartas, pois aproximou a personagem do leitor e foi possível compreender todos os medos e dúvidas que ela tinha. Foi interessante a autora ter revelado um segredo da protagonista aos poucos, pois ela soube criar a expectativa e conseguiu me aproximar da personagem e compreendê-la. Apesar de tudo que a Laurel passou, ela começou a entender que poderia superar as fases mais pesadas da sua vida.

"A arte de perder não é nenhum mistério. Eu bem sei. Os dias parecem transparentes, como se eu andasse sob aquele sol fraco que atravessa uma barreira de nuvens bem fina. Luz vazia. Não pousa." (pág. 207)

A linguagem poética e reflexiva desse livro agrada qualquer tipo de leitor. É uma leitura que cativa, emociona na medida certa e vai te mostrar a intensa e emocionante relação entre duas irmãs.

Beijos!