A Fofa do Terceiro Andar - Cléo Busatto

Livro: A Fofa do Terceiro Andar
Autor (a): Cléo Busatto
Editora: Galera Júnior
Ano: 2015
ISBN 978-85-01-10459-5

"Ana sempre foi uma criança alegre, saudável e... fofa. Ela nunca se incomodou em receber adjetivos, até notar que eles nem sempre serviam para ser legal com alguém. Conforme vai ficando mais velha, por mais que tente manter o sorriso estampado no rosto, os apelidos e implicâncias começam a mexer com ela. O jeito é colocar para fora, nem que seja no caderno. E não é que ajuda? Agora Ana só precisa conseguir aplicar isso na realidade, o que não é tão fácil quanto parece. Primeiro ela tem que descobrir o que realmente a incomoda (e não o que incomoda os outros) e então encontrar maneiras de trazer à tona a Ana confiante que se escondeu dentro dela. E que processo! A adolescência tem um tempo todo próprio, e não é fácil acompanhar. Novos gostos, novas sensações, novo corpo... Ela segue redescobrindo a si e ao mundo. E não faz isso sozinha. Além da Julia, sua amiga de infância, há outra pessoa que chega de mansinho..."

Oie, tudo bom?

Sabe quando você tem uma identificação com o livro só de olhar para a capa? Eu senti isso quando vi A Fofa do Terceiro Andar pela primeira vez. A Dressa, do blog Livros e Chocolate Quente, me enviou um exemplar de presente (Obrigada!!!) e fiz a leitura no mês passado, mas só agora consegui fazer essa resenha.

A história é sobre a Ana, uma garota que sempre esteve acima do peso, mas quando foi crescendo, passou a ser hostilizada por causa disso. Ela recebeu o apelido de fofa do terceiro andar por causa do andar onde vive. Constantemente humilhada pelos colegas, muitas vezes com professores coniventes, certo dia ela acaba envolvida em uma cena desastrosa na cantina do colégio e resolve mudar sua vida. Além disso, Ana começa a escrever em um diário onde comenta seus medos, aflições e divaga sobre seus receios.

"Eu procuro aceitar as pessoas como são. Aprendi com minha mãe. Ela me ensinou que cada um tem seu jeito de ser, com qualidades boas e ruins. Mas nem todos pensam desse jeito. Começo a pensar que alguns tem prazer em maltratar os outros." (pág. 29)

Mesmo sendo um livro infanto-juvenil, confesso que a narrativa é bem filosófica em alguns momentos. A Ana tem um raciocínio que não condiz com sua idade, mas isso não foi um problema na narrativa, mas me incomodou um pouco. Esse viés psicológico do livo tornou a leitura um pouco mais lenta em alguns momentos e demorei para finalizar as 140 páginas.

Os apelidos e as ofensas passam a incomodá-la muito e ela decidiu aplicar as resoluções que ela tinha no diáio. No início é difícil ser forte e determinada, ma aos poucos a Ana consegue aprender sobre seus sentimentos e como poderia transformar sua vida. A Fofa do Terceiro Andar é uma obra que faz o leitor entender como um apelido pejorativo pode afetar uma pessoa e como é possível sobreviver a adolescência, apesar dos percalços.

"Por exemplo, balofa, para quando se quer dizer exageradamente gorda. Aos 10 anos entendi o que é ironia: "Se ela saltar, a piscina esvazia". Aos 12, já sabia o que era metáfora: "Gorda como uma baleia". Confesso não gostei." (pág. 12)

A escrita do Cléo Busatto é fluída, poética e delicada. Apesar da leitura ter demorado mais do que eu imaginava, gostei da forma com que ela retratou o tema. Também foi bacana a forma com que o romance foi retratado no livro porque foi algo sutil e delicado. O único ponto negativo foi ela não ter usado alguma medida temporal nos escritos da Ana e a falta desse artifício deixou a leitura confusa em alguns momentos. 

Algo que gostei muito, foi a mensagem de mudança que esse livro tem. Depois do nascimento do meu filho, tenho pensado muito no meu peso. Sei que é uma fase, mas é muito difícil você lidar com olhares e julgamentos. As opções saudáveis feitas pela Ana no decorrer do livro me inspiraram e coincidiram com uma fase parecida na minha vida.

A Fofa do Terceiro Andar é bem mais que um infanto-juvenil bobo sobre uma adolescente. Ele tem poesia e delicadeza.

Beijos!