Quem, Eu? - Fernando Aguzzoli

Livro: Quem, Eu? - Uma avó. Um Neto. Uma lição de vida.
Autor (a): Fernando Aguzzoli
Editora: BelasLetras
Ano: 2014
ISBN 978-85-8174-182-6

"COMPARTILHAR A DOR NÃO É SOFRÊ-LA NO COLETIVO, É LIVRAR QUEM DELA SOFRE. Durante um ano, um neto largou tudo que tinha – o emprego, a carreira, os estudos – para se dedicar integralmente à avó, diagnosticada com Alzheimer. Convivendo com a divertida, bonachona e, claro, sempre esquecida vovó Nilva, o neto Fernando, um jovem aspirante a filósofo com um talento epistêmico para a comunicação, aprenderá uma lição de vida que doença nenhuma pode apagar."

*Livro cedido em parceria com a Editora BelasLetras.

Oie, tudo bom?

Fiquei um tempão com a aba do blogger aberta antes de escrever essa resenha, mas não foi porque achei esse livro ruim. Pelo contrário, essa leitura foi uma verdadeira lição de vida e por isso eu estava pensando nas palavras exatas para descrevê-lo.

Assim que li a sinopse de Quem, Eu?, eu já imaginava que a narrativa iria me conquistar e emocionar. Quem, eu? conta a história do Fernando, em 2008 ele e sua família descobriram que sua avó Nilva (a simpática senhora da capa) estava com Alzheimer. No começo bateu aquele medo e diversas dúvidas surgiram, pois eles não tinham ideia de como essa doença agia. Em 2011, ele parou seus projetos, trancou a faculdade e passou a se dedicar somente aos cuidados da vovó Nilva. Fernando também criou uma fanpage para compartilhar e dividir experiências com pessoas de todo o país.

Ler os relatos desse neto foi algo que me cativou muito, pois há três anos perdi uma tia para uma doença que há atingia há 10 anos. É muito doloroso ver alguém que você ama sentir dor ou privação por causa de uma enfermidade. No caso do Alzheimer não há cura e o paciente passa por dias bons e ruins. Além disso, é uma doença que afeta a memória e nem imagino como deve ser difícil ver uma pessoa que você ama esquecer das coisas que viveu.

É uma doença degenerativa e muitas pessoas tem dúvidas sobre quais cuidados os pacientes precisam. No livro ele conta sua própria experiência e no final do livro algumas dúvidas foram respondidas por especialistas, médicos e psicólogos.

"Janelas e andares altos, atravessar a rua, fogões e micro-ondas, banho, quias, facas degraus e escadas. Esses são alguns dos exemplos corriqueiros que, para o idoso com Alzheimer, acabam sendo tão perigosos quanto para os pequeninos." (pág. 62)

Fernando é jovem, nasceu em 91 e quis retribuir a sua avó todos os cuidados que ela teve com ele durante sua vida. Entre diálogos, fotos e relatos o leitor vai absorvendo um pouco do dia a dia dessa bela personagem. Bem mais que lágrimas, muitos diálogos me deixaram com um sorriso no rosto por causa da capacidade de amar do ser humano. Alguns papos que ela tinha com o neto foram hilários e o riso rolou solto nesses momentos. Em alguns dias a Dona Nilva esquecia que o Fernando era seu neto, mas ainda nutria um carinho muito especial por ele.

"Minha criação ao lado dela foi rodeada de valores, partindo, é claro, de um respeito mútuo, de onde tudo se seguiu. Já nasci neto, e ela, naturalmente, me recebera como uma avó. É uma relação da qual nenhum de nós pode fugir, somos e sempre seremos netos de alguém. Mas nossa relação foi além da obrigatoriedade corriqueira, pouco a pouco conquistamos um patamar acima, e nos tornamos amigos." (pág. 28)

Nessa narrativa, o Fernando descreve seus momentos com ela e não deixa de afirmar que um cuidador pode passar por fases boas e ruins. Lógico que existem os momentos de frustração e cansaço, mas é perfeitamente normal que esse desgaste aconteça. Essa história me lembrou um pouco a narrativa de Sonhe Mais (Jai Pausch), lançado pela Novo Conceito. Sonhe Mais é o relato da Jai, uma americana que cuidou do marido quando ele foi diagnosticado com câncer.

Não confundam Quem, eu? com um livro de auto-ajuda, pois é bem mais que isso. Trata-se do bonito relato da relação bonita entre uma avó e seu neto. A doença pode ter prejudicado a memória dela, mas não mudou sua essência e nem alterou o amor de sua família.

A diagramação do livro é boa, começando pela capa que possui uma série de fotos da vovó Nilva. Além disso, o livro possui letras bem espaçadas e diversas páginas recheadas com fotos coloridas dela com o Fernando.

Eu sou suspeita para falar de livros com histórias tão humanas porque eles sempre me ensinam muito. Indico para todos que estão em busca de uma leitura emocionante, reflexiva e enriquecedora. Uma história que vai te ensinar o verdadeiro amor em família.

Beijos!