Barbosa - Um Gol Silencia o Brasil - Roberto Muylaert

Livro: Barbosa - Um Gol Silencia o Brasil
Autor (a): Roberto Muylaert
Editora: Bússola
Ano: 2013
ISBN 978-85-62969-24-9

"Para Barbosa, foram cinquenta anos de história e vinte horas de conversas registradas sobre noventa minutos de um único jogo. Não qualquer jogo, mas a Copa do Mundo de 1950, em pleno Maracanã lotado, onde o Brasil perdeu o título para o Uruguai num chute mascado de Ghiggia. Nascia ali o pesadelo do goleiro Barbosa, talvez um dos melhores do futebol brasileiro, injustamente apontado como único responsável pela derrota. Registrado com maestria por Roberto Muylaert, um dos 200.000 entusiasmados espectadores daquela data fatídica, que acabou virando uma metáfora negativa para o país da época, Barbosa - Um gol silencia o Brasil não se limita a analisar a situação sob a perspectiva do goleiro. Muylaert oferece uma visão multifacetada da partida, um verdadeiro drama, como se carregasse uma câmera que registra cada ângulo, cada lance, de cada lado - brasileiro, uruguaio, da torcida, da sociedade."

*Livro cedido em parceria com a Editora Bússola.

Oie, tudo bom?

Vocês devem estar se perguntando por que estou resenhando um livro sobre futebol não é mesmo? Por incrível que pareça, eu amo esse esporte e até tenho uma tatuagem do meu time (Palmeiras). Enfim, amores futebolísticos à parte, a editora Bússola me enviou esse livro para resenha depois que me interessei pelo título da obra.

Em 1950, o Brasil sediou pela primeira vez a Copa do Mundo e naquela época, o país vivia uma euforia por receber um dos maiores eventos esportivos do mundo. Investimentos foram feitos e o Maracanã, um dos maiores estádios da época, foi construído especialmente para o evento. Foi nesse estádio que aconteceu a final e nele mais de 200 mil pessoas (aproximadamente) viram o Brasil ser derrotado pelo Uruguai.

"Se você não entende nem de merda, como é que vai discutir Copa do Mundo comigo?" (pág. 68)

Nesse livro, o autor não fala exatamente sobre o dia da derrota e sim sobre as consequências para Moacyr Barbosa, o goleiro daquela decisão fatídica que marcou o futebol do país. Roberto Muylaert explora os sentimentos que o goleiro viveu naquele dia e como foram os anos seguintes em que ele teve que ouvir desaforos e palavras tortas por causa do gol que tomou do jogador Ghiggia. Ainda mais porque foi um chute fraco e o goleiro foi até acusado de "frangueiro" pelos torcedores e comentaristas esportivos.

Para quem não gosta de futebol, remoer uma partida durante várias décadas pode parecer perda de tempo ou bobagem, mas garanto que não é nada disso. É uma paixão que surge do nada, vai tomando conta e quando você percebe já está xingando o juiz. Ela torna os jogadores e seu time em algo bem importante em sua vida.

Explicar o amor por um time para alguém que não curte o futebol é bem difícil e eu poderia passar muito tempo tentando falar um pouco sobre isso, mas não irei fazer isso com vocês, rs.

O autor mesclou depoimentos de diversas pessoas sobre aquele dia com relatos do próprio goleiro Barbosa. Em alguns momentos a narrativa parecia uma grande monografia e a leitura ficou um pouco cansativa nesses trechos. Mas, ao mesmo tempo, os relatos eram instigantes e curiosos sobre a visão que as pessoas tinham sobre o futebol naquela época.

Em alguns capítulos o autor fica com uma escrita mais melancólica que cria mostra o retrato da carreira de um jogador. É muito triste ver como as pessoas esquecem os títulos e vitórias que um jogador tem apenas por causa de uma derrota. Essa narrativa é, acima de tudo, a descrição da vida de atletas que sempre vivem entre altos e baixos em uma carreira bastante cruel.

Barbosa passou pelo futebol em um período onde não havia a estrutura e o dinheiro que existe hoje. Por causa da sua posição ele conviveu a vida toda com várias fraturas nas mãos e no corpo, pois os goleiros não jogavam com luvas naquela época. É algo inspirador e triste ao mesmo tempo saber que alguém se dedicava ao esporte com tanto afinco.

"[...]  Nenhum dos goleiros do Brasil teve nem terá uma experiência tão intensa como eu tive no dia 16 de julho de 1950, até porque, na era da televisão, estádio cheio  como aquele nunca mais houve nem haverá, portanto, nunca mais serão tantas as testemunhas presentes ao jogo, só que esse privilégio que eu tive não desejo a ninguém..." (pág.78)

Foi uma leitura enriquecedora porque pude conhecer um pouco do funcionamento do esporte no Brasil da década de 50 e 60 e aprendi mais sobre algo que gosto bastante. Não é um livro para todos os públicos, mas cumpre sua missão de divulgar o futebol e transmitir uma ótima história.

Beijos!