Azul da Cor do Mar - Marina Carvalho

Livro: Azul da Cor do Mar
Autor (a): Marina Carvalho
Editora: Novo Conceito
Ano: 2014
ISBN 978-85-8163-373-2

"ACASO, DESTINO ou LOUCURA? No caso de Rafaela, Pode ser tudo isso junto. Para alguém como ela, nada é impossível. Rafaela sonha desde a adolescência com o garoto que viu uma vez, perto do mar, carregando uma mochila xadrez... A idéia fixa não a impediu, porém, de ser uma menina alegre e muito decidida. Ela quer ser jornalista, e seu sonho está se concretizando: Rafaela Vilas Boas (um nome tão imponente para alguém tão desajeitado) conseguiu um estágio no melhor jornal de Minas Gerais. Mas, como estamos falando de Rafa, alguma coisa tinha que dar errado. O jornal é mesmo incrível, mas seu colega de trabalho, Bernardo, não é a pessoa mais simpática do Mundo."

Desde o momento em que li Simplesmente Ana, eu fiquei bastante ansiosa para ler outra história da Marina Carvalho. Assim que Azul da Cor do Mar foi lançado eu comprei na pré-venda e fiz a leitura na mesma semana em que o livro chegou. Mas, o problema é que eu simplesmente não consegui fazer a resenha do livro em dois meses porque não me sentia empolgada o suficiente para fazê-la. Por mais estranho que pareça, esse livro permaneceu por quase 3 meses na minha estante me encarando e lembrando que deveria ter sido resenhado há muito tempo.

Azul da Cor do Mar é protagonizado pela Rafaela Vilas Boas, uma estudante de jornalismo que vive em Belo Horizonte com seus irmãos. Quando era criança ela passou férias com sua família em uma praia do Espírito Santo e lá ela viu um garoto com uma mochila xadrez e nunca mais o esqueceu. Durante anos ela escreveu textos e cartas na esperança de descobrir quem era aquele garoto inesquecível de quem ela não tinha o nome e nem a origem.

Anos depois, Rafa, como ela é chamada, já é uma adulta e consegue um estágio no jornal Folha de Minas. Ela escreve muito bem e não tem dificuldade para conquistar a vaga. No jornal é encaminhada para a editoria policial e descobre que vai trabalhar diretamente com Bernardo Venturini, um jornalista mau-humorado e competitivo. Os dois se estranham logo de cara e no decorrer da narrativa eles se suportam, trocam farpas e insultos o tempo todo.

"Meu problema é você! - Apontei o dedo para o peito de Bernardo. - Você e suas ambiguidades, sua grosseria, sua mania de se achar o máximo. - Respirei fundo, mas não parei. Já tinha começado mesmo. - Desde que conheci você, não tenho um só dia de paz, de normalidade. Venho para o trabalho me perguntando o que devo esperar. Bernardo você me trata mal, como se eu fosse um estorvo, uma peste." (pág. 204)

Me identifiquei com a Rafaela pela paixão que ela tem pelo jornalismo, pela sua coragem e sagacidade. As investigações que ela fazia para as matérias me deixavam ansiosa, pois é uma característica da minha área e curto ver isso retratado nos livros. Além disso, cada início de capítulo tem dicas jornalísticas e achei esse cuidado bem bacana porque a história se passa no meio jornalístico.

"Ser jornalista, para mim, transcendia remuneração e reconhecimento. Era questão de escutar o chamado da minha vocação." (pág. 10)

No entanto, achei a protagonista mimada e muito infantil em diversas situações. Sei que ela ainda está na faculdade, mas algumas coisas beiraram o ridículo para uma pessoa adulta. O fato da personagem morar com irmãos protetores pode ser uma explicação para ela ser tão mimada. Em vários momentos foi irritante acompanhar algumas exigências e vontades que a Rafaela tinha não apenas com a família, mas com seus amigos e colegas de trabalho também. A impressão que tive é que ela queria que tudo funcionasse conforme seus desejos, mas a vida  é dessa forma minha gente!

Bernardo é um cara incoerente, chato e muito ranzinza. Parecia um velho reclamando o tempo todo e não um cara jovem e talentoso. Logo no início da narrativa você percebe que ele esconde algo que o marcou muito e que o transformou nesse tipo de pessoa. A relação que ele tem com Rafaela é bem tortuosa e explosiva, mas os dois tem muita química. Em alguns momentos foi bom vê-los discutindo, mas em outros eram só insultos jogados sem motivo.

A escrita da Marina Carvalho continua muito boa e gostosa de ler, assim como foi em Simplesmente Ana, mas achei a narrativa muito parecida com o livro de estreia da autora. Eu sei que os autores procuram escrever sobre coisas que eles conhecem e convivem, mas a protagonista é muito parecida com a Ana e as duas convivem no mesmo espaço geográfico (também conhecido como Minas Gerais).

Outra coisa que me incomodou em Azul da Cor do Mar foi o excesso de citações sobre marcas e produtos. Claro que isso é importante para pontuar algumas situações, mas nesse livro foi usado em excesso e em certos momentos não era necessário.

É um chick-lit leve e interessante, mas com uma protagonista chatinha e uma história bem previsível. Se você ler a sinopse com muita atenção você mata a charada do livro e para mim isso contribui negativamente para minha leitura. Uma dica é evitar a sinopse da orelha do livro e do Skoob também porque elas "entregam" um pouco da história.

Se vocês estão buscando um livro nacional bem escrito, esse livro com certeza é uma ótima indicação. Além disso, apesar dos problemas que encontrei, a história é leve, rápida, divertida e despretensiosa. Ah, eu amei a capa que a Novo Conceito criou para o livro, pois tem muita relação com a premissa e ficou muito bonita.

Beijos!